Fantasma da Seca
Um deserto com terra ressequida
Velhos troncos de galhos ressecados;
Animais
padecendo nos roçados
Onde
o verde partiu sem despedida.
A
tragédia da fome faz a vida
Dissolve-se
nas sombras da matéria;
O
sertão emurchece a sua artéria
E
revela o mais triste dos cinemas;
O
fantasma da seca mostra cenas
Sobre
a tela tristonha da miséria.
Sobre
os vales a morte faz morada
Assombrando
quem luta contra a fome;
A
fagulha da esperança se some
Entre
os ramos da planta ressecada.
Uma
vaca caminha desolada
Revelando
uma imagem muito séria;
O
sertão, diferente da Sibéria,
Mostra
o sol do verão com duras penas;
O
fantasma da seca mostra cenas
Sobre
a tela tristonha da miséria.
O
campônio só vê desolação,
E
padece, olhando o pouco gado,
Relutando
no mundo descampado
Pelo
sol escaldante do verão.
A
tristeza se apossa do sertão
Onde
a seca se revela bactéria,
Que
corrói qualquer tipo de matéria
Devorando
esperanças pequenas;
O
fantasma da seca mostra cenas
Sobre
a tela tristonha da miséria.
O
sutil colibri, sempre vexado,
Busca
em vão encontrar alguma flor;
Só
percebe a tristeza e o dissabor
Balançando
no galho desfolhado.
O
tristonho concriz no seu trinado
Sente
a vida na forma deletéria,
Pois
a chuva entrou na longa féria
Dando
adeus as mais lindas açucenas;
O
fantasma da seca mostra cenas
Sobre
a tela tristonha da miséria.