Este cavalo foi fotogrado no cariri paraibano, nas imediaçõe da fazenda Serrote Agudo, lugar imortalizado na composição de Zé Marcolino e na voz de Luiz Gonzaga. O que chamou atenção, além da magreza, foi o desespero cambaleante do cavalo para comer alguns talos de capim quase secos.
Tormento de um Cavalo
Quantas
vezes correstes livremente
Nas
campinas florida do sertão
Conduzindo
o vaqueiro com gibão
Num
galope feliz e velozmente.
Os
teus cascos trinavam reluzente
Na
caatinga, grotão e pradaria,
Pra
depois descansar na calmaria,
Sob
a sombra dum velho juazeiro
Escutando
o cantar doce e maneiro
Do
concriz dando adeus ao fim do dia.
Muitas
vezes vencestes as distâncias
Dando
trotes sutis, bem coordenados,
E
pastastes nos campos orvalhados
Vendo
as águas pulsando em ressonâncias,
Teus
galopes mostravam elegâncias
Conduzindo
com porte algum vaqueiro
Perpassando
a jurema e o marmeleiro
Sem
temer da caatinga algum perigo
Protegendo
no lombo o teu amigo
No
trabalho mostravas ser parceiro.
Pelos
campos tangestes mil boiadas
Sempre
atento à fuga do novilho
Escutando
o aboio como um trilho
E
vencendo as estradas alagadas.
Hoje
a seca, com garras afiadas,
Faz
teu corpo sofre desnutrição
O
fantasma da fome com agressão
Diminui
o viver, rouba a esperança,
Qualquer
passo teu corpo logo cansa
Numa
cena repleta de aflição.
Sempre
em vão a procura do alimento
Muito
mal tu consegues caminhar
Pois
parece que o corpo vai tombar
Num
viver tão repleto de tormento.
O
teu corpo revela o sofrimento
Nas
agruras da fome causticante
A
passada te faz cambaleante
Demonstrando
decrépita magreza
Pois
a morte parece ser certeza
Sobre
um corpo que já foi elegante.
E que novidades, Poeta!Belíssimos poemas!
ResponderExcluirEm "Tormento de um cavalo", não sei o que é mais impressionante: o realissimo forte da foto ou o abstracionismo poético do poema.Neste, há uma contradição: tristeza com beleza.
Parabéns, Poeta! Um abraço. Zé Rego.
Caro amigo Zé Rego, obrigado pelas palavras gentis. Realmente o sertão, é adverso, repleto de contradições. Isso o torna sempre aberto a várias significações. Isso eu mostro no meu doutorado. Você recebeu a tese?
ExcluirAbraços
Gilmar
Vim conhecer Águas do Pajeú!
ResponderExcluirLi primeiro os sentimentos, nos tocantes versos, depois percorri quase tudo, por este espaço tão rico de nordestinidade. Tenho um Riacho Pajeú na minha Fortaleza, que amo desde pequena e que vejo agonizar dia-a-dia.
Parabéns, pelo que aqui faz, Gilmar.
Hei de voltar.
Um abraço
da Lúcia
Obrigado amiga. Que bom que gostou do meu espaço de sensibilidade. Legal o Pajeú também se fazer presente por aí.
ExcluirAbraços
Gilmar
Caro Gilmar Leite.
ResponderExcluirPARABÉNS PELO POEMA.
NO ENSEJO, COMUNICO QUE IREI POSTAR O MESMO (CASO VOSSA SENHORIA ME AUTORIZE), EM MEU BLOG.
Bira Viegas
Carnaúba dos Dantas - RN
Blog Bira Viegas
http://bira-viegas.blogspot.com.br
Obrigado pela visita nobre Bira. É uma honra poder participar do seu espaço online. Fique a vontade.
ExcluirAbraços
Gilmar Leite
Caro Gilmar.
ExcluirObrigado, e que tenhas uma excelente semana.
Fraternalmente
Bira Viegas