Olhar Interior
Ao
olhar para dentro de meu peito
Vejo
as flores mais lindas do sertão
A
cantiga saudosa de um carão
O
vaqueiro aboiando satisfeito
A
imagem do roçado em tom perfeito
Os
orvalhos no cálice de uma flor
A
viola de um mestre cantador
Turbilhões
de poemas saltitando
A
sanfona Gonzaga ritmando
O
meu sonho sertão encantador.
Quando
eu olho meu peito sertanejo
Vejo
“santas” rezando em procissão
A
beleza possante de um alazão
Um
sibito cantando num solfejo
O
clarão do relâmpago em lampejo
As
rosinhas florindo dos botões
A
cantiga das águas nos grotões
O
sorriso do velho fazendeiro
A
rolinha cantando no terreiro
Transbordando
meu peito de emoções.
Ao
olhar para dentro do meu Ser
Vejo
os vales da terra sertaneja
Cantadores
travando uma peleja
O
vermelho do sol a padecer
A
manhã colorida alvorecer
As
sutis borboletas multicores
O
balé dos pequenos beija-flores
Uma
estrada deserta sem ter fim
A
brancura elegante do jasmim
Perfumando
minh’alma com olores.
Quando
eu olho no campo coração
Vejo
as cores do homem camponês
O
berrante estridente de uma rês
O
namoro enxerido do azulão
Uma
velha pisando no pilão
O
campônio cuidando da boiada
As
mandingas de toda meninada
Na
parede a roupagem do vaqueiro
O
pequeno clarão do candeeiro
Fulgurando
minha alma encantada.
Gilmar Leite
Que poema rico!!! Quantas visões fortes e sutis ao mesmo tempo...O descrever sensível de um tempo, de um lugar, que nos remete a uma lírica viagem. Amei! E, a foto está belíssima; singela. Beijos poéticos.
ResponderExcluirAh, assina...Rachel Rabelo.
ResponderExcluirAs vezes dá vontade de tirar poemas e deixar os escritos de Rachel Rabelo, pois cada um, é um poema belíssimo...chega meus versos tremem. Como diz Zé de Cazuza ao engrandecer alguém: "É uma mal-assombrada". Obrigado poetisa pelos lindos e poéticos comentários nesse espaço de sensibilidade e de raízes culturais do sertão profundo. Beijos Poéticos. Gilmar Leite
ResponderExcluir