Galopes à Beira do Mar
Cheguei do
sertão pra morar na cidade
Trazendo
na mala os costumes da terra
O vale, a
campina, a grandeza da serra,
Os sonhos
brotados na flor da idade.
Andei
pelas ruas buscando a verdade
Dos sonhos
do povo que habita o lugar
Vi gente
correndo sem nunca parar
Vivendo o
pavor da cidade moderna
Saí
correndo com horror da baderna
Fui dar os
meus passos na beira do mar.
Pisando
nas lindas areias branquinhas
Senti leves
cócegas sob os meus pés
Carícias
das ondas fazendo revés
Trazendo
mil beijos das águas marinhas.
Fiquei
encantado com as brisas mansinhas
Beijando o
meu corpo, fazendo escutar,
Cantigas
das ondas, iguais um ninar.
Chegando à
praia, mostrando os encantos,
Pensei
minha mãe entoando acalantos
Cantando
comigo na beira do mar.
Coqueiros
gigantes, iguais a guerreiros,
Fincados
no chão, balançando as palhas,
Morenos artistas
fazendo mil talhas
Cruzando
com traços os belos letreiros.
Fiquei
encantado olhando os barqueiros
Num
simples trabalho mostrar o lugar
Olhei pras
cabanas no meu contemplar
Vi lindas
crianças nas formas singelas
Brincando
nos barcos, mexendo nas velas,
Fazendo
castelos na beira do mar.
Dei beijos
nas conchas do mar cristalino
Pensei o
profundo das águas latentes
Ouvi as
sereias nos cantos dolentes
Perdidas
nas ondas, chorando o destino.
Vi brilhos
fulgentes do meigo menino
Catando
conchinhas por todo lugar
As ondas
surgiam num lindo bailar
Deixando
as espumas nas alvas areias
Banhando
de branco fidalgas sereias
Andando e
cantando na beira do mar.
Na beira
do mar vi ostrinhas pequenas
Sutis
borboletas com asas de sedas
Beijar o
veludo das ondas mais quedas
Trocando
caricias nas águas serenas.
O mar
demonstrava mil cores amenas
Pintando o
horizonte com tons de encantar
O nauta
veloz, como um deus do lugar,
Saltava no
barco, partia ligeiro,
Sentado no
banco do velho veleiro
Deixava os
amores na beira do mar.
Crustáceos
pequenos saltavam felizes
Em bandos
brincavam na beira da praia
Espumas
bordadas da cor de cambraia
Mostravam
do mar diversos matizes
As ondas
surgiam em leves deslizes
Tocando
nos corpos, com doce beijar,
Pequenas
gaivotas no céu a voar
Num lindo
balé enfeitavam o espaço
Pintando
de branco, fazendo seu traço,
Deixando
mais plácida a beira do mar.
Sentado na
praia, olhando o oceano,
Vi ondas
velozes beijando as areias;
Nas casas
singelas, pequenas candeias,
Mostrando
com graça o brilho arcano.
Nas águas
eu vi um poder soberano
De cores e
luzes, o mundo pintar.
Fiquei encantado
com seu desenhar
Ergui a
cabeça, pensei do meu jeito,
Que quadro
tão belo, que mundo perfeito,
Mostrando
aquarelas da beira do mar.
Vi peixes
pequenos pulando velozes
Nas
cristas das ondas fazendo gracejos
O brilho
do sol refletia lampejos
Tocando
nas asas de mil albatrozes.
Nas águas
chegavam às vagas ferozes
Batendo
nas rochas, fazendo estrondar,
A praia
mostrava o seu branquejar
Tapetes de
espumas beijavam as areias
Deixando
seu palco pra lindas sereias
Mostrarem
encantos na beira do mar.
O sol se
deitava no corpo da praia
Dourando
as espumas de cor amarela
O vento
dizia que a forte procela
Surgia
feroz quando a lua desmaia.
Meninos
correndo com medo da arraia,
A tarde
morrendo, deixando o lugar,
Ergui a
cabeça vi Vênus brilhar,
Jogando
reflexos nas águas revoltas
Estrelas
pequenas brincavam bem soltas
Jogando
lampejos na beira do mar.
O mar revoltoso
por causa da noite,
Batia com
fúria nos grandes rochedos,
Deixando
minh’alma tremendo de medos
Por causa
do forte e infindável açoite.
A lua
surgia no céu pra o pernoite
Abrindo o
seu riso num doce pulsar...
Barqueiros
poetas na luz do luar
Cantavam
serestas pra suas donzelas
Na praia
chegavam as fortes procelas
Batendo
nas rochas da beira do mar.
O mar
orgulhoso olhava pra mim,
Dizia que
tinha imensos mistérios,
No fundo
guardava diversos impérios,
Os quais
nenhum homem sabia seu fim.
Contou-me
que tinha no oculto um jardim
De plantas
estranhas que podem matar,
Florestas
imensas cobrindo o lugar,
Cavernas
ocultas, lugares profundos,
Crustáceos
e peixes de excêntricos mundos,
Latentes
brincando no fundo do mar.
O dia
surgiu, eu fiquei contemplando,
Segredos imensos
que tem o oceano;
Sabemos
tão pouco, perdemos o plano,
Em cada
mergulho que a gente for dando.
Senti no
meu peito minha alma agitando,
Eternas
correntes que tem meu cantar;
Dei passos
nas águas num brando tocar,
Levando nos
ombros a minha sacola,
Fazendo
improvisos ao som da viola
Cantando
um galope na beira do mar.
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