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quarta-feira, 9 de março de 2011


  Saudade do Tempo de Menino

Na caverna profunda da memória
Lembro a vida florindo inocência
Não sabia do negror da consciência
Expressado nos dramas da história.
Minha vida só tinha a flor da glória
Era um mundo coberto de bonança,
Onde o sol da bondade numa dança
Me cobria com um brilho cristalino;
A saudade do tempo de menino
Fez morada na gruta da lembrança.

Galopava num cavalo de pau
Na campina florida do meu sonho;
Um campônio alegre bem risonho
Despertava num instante matinal.
Na floresta o cantar fenomenal
Do concriz, seresteiro que não cansa;
Esse mundo ecoa com pujança
Entre os vales do sonho tão divino;
A saudade do tempo de menino
Fez morada na gruta da lembrança.

Lembro bem das vazantes alagadas
Os tetéus numa orquestra delirante,
As marrecas voando bem rasante
Desenhando no céu linhas curvadas.
Nas campinas florinhas orvalhadas
Perfumava com lírica aliança;
Era um mundo de linda aventurança
Que hoje guardo no sonho campesino;
A saudade do tempo de menino
Fez morada na gruta da lembrança.

Eu pulava no poço mais profundo
Sobre as águas marrons do Pajeú
Com meu corpo esguio, quase nu,
Deslizava num rápido segundo.
Para mim não havia outro mundo
Diferente do mundo da criança;
Era um tempo feliz de esperança
Que hoje guardo na forma de um hino;
A saudade do tempo de menino
Fez morada na gruta da lembrança.

Logo cedo corria pro roçado
Pra cuidar do meu bando de ovelhas,
E ficava feliz vendo as abelhas
Preparando o cortiço encapado.
Para mim, era um mundo encantado,
Que me dava no peito segurança;
Hoje choro por causa da mudança
Que chegou, transformando meu destino;
A saudade do tempo de menino
Fez morada na gruta da lembrança.

Sobre a tela da mente ainda vejo
O Sertão se mostrando na invernada,
A cantiga sutil da passarada,
O semblante feliz do sertanejo.
Na memória, eu guardo o gracejo
Da rolinha mostrando sua andança;
Esse mundo que não tem semelhança,
Ele vive no meu sonho mais grã-fino;
A saudade do tempo de menino
Fez morada na gruta da lembrança.

Inda vejo mamãe na flor do riso
Preparando o café toda manhã;
O seu jeito suave feito lã
Revelava do rosto um paraíso.
A bondade foi seu mundo preciso
Que procuro vivê-la como herança;
É a luz que me dar perseverança
Pra enfrentar esse mundo tão ferino;
A saudade do tempo de menino
Fez morada na gruta da lembrança.

2 comentários:

  1. Viajando na sua poesia, meu corpo se transforma, minha alma se renova e minha saudade sobrevive ao presente repleto de verdades! Que as boas lembranças sejam o alimento para fortalecer o crescimento futuro...Bjs.
    Rachel Rabelo

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  2. É poeta,essas saudades nunca deixam de existir, são marcas que jamais se apagarão da nossa memória!!! Carlos Aires

    Visite-me na coluna PROSEANDO NA SOMBRA DO JUAZEIRO - Carlos Aires no BLOG JORNAL BESTA FUBANA

    SAUDADE... MUITA SAUDADE!!!

    Saudade... Muita saudade
    Do alvorecer da vida
    Aonde a felicidade
    Foi amplamente vivida
    Entre pássaros e animais
    Em meio aos matagais
    Com suas copas frondosas
    Num clima ameno e propicio
    Assim foi o meu inicio!!!
    Um perfeito mar de rosas

    Ouvindo o som das cascatas
    Nos vales das serranias
    Os ventos vindos das matas
    Com as brisas gostosas, frias
    Acariciando o rosto
    Quando o sol já indisposto
    Dava seu ultimo lampejo
    De luz, lá por traz do monte
    Embelezando o horizonte
    Com o crepúsculo sertanejo

    Aprendi a fazer versos
    Com sabiás e campinas
    Nesse pequeno universo
    Entre morros e colinas
    Foi ali o meu reduto
    E assim fiz usufruto
    Dessas nobres regalias
    Envolvido nesses climas
    Entre estrofes e rimas
    Num mundo de poesias

    Nas românticas madrugadas
    Ouvia os cânticos suaves
    Das orquestras afinadas
    Vinda de um coral de aves
    Que nessa hora silente
    Cantavam suavemente
    Na mais perfeita harmonia
    Trazendo paz e alento
    No mais sublime momento
    Em que nasce um novo dia

    O sol quente e radiante
    Da terra beijando a face
    Que momento hilariante!!
    Quando se dá esse enlace
    A noite já foi embora
    E dela só resta agora
    Cobrindo o pasto e o cascalho
    O seu pranto reluzente
    Disfarçado simplesmente
    Em lindas gotas de orvalho

    O dia ganha coragem
    Enquanto o sol se levanta
    Dando brilho a paisagem
    Que cada vez mais encanta
    E demonstra sua beleza
    Como é bela a natureza
    Em todo seu esplendor
    Na singeleza do campo
    No lume do pirilampo
    No perfume de uma flor

    Da minha infância dileta
    Guardo as lembranças sem fim
    A vida desse poeta
    No outrora foi assim
    Hoje já vivo distante
    Amargando a torturante
    E insistente saudade
    Entre agruras e lamentos
    Recordando esses momentos
    De total felicidade!!!

    Carlos Aires 07/04/2011

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Obrigado pelo comentário