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quarta-feira, 18 de agosto de 2010


   No Sorriso da Criança

Penetrei no sorriso da criança
Vi a flor da verdade se abrindo,
O sutil beija-flor do bem surgindo
Carregando no seu bico a esperança.
No sorriso vi luzes numa trança
Desenhando em seu rosto o sol da aurora,
A pureza na face era uma flora
Verdejando o jardim da inocência,
Onde Deus fez presente a existência
Dando vida a beleza sem demora.

No sorriso da face enternecida
Contemplei os orvalhos da pureza,
Escorrendo na flor da sutileza
Dando beijos, mostrando a luz da vida.
Vaga-lumes de luz bem colorida
Na criança brilhava de verdade,
Fulgurando lampejos da bondade,
Dando vôos com as asas de carinhos
E plantando a ternura nos caminhos
Com os beijos sutis da liberdade.

Uma pétala de amor puro e inocente
Espargia do sorriso cristalino,
Ofertando um frescor doce e divino
Como a vida que brota da semente.
Entre os cantos da face uma vertente
Em cascatas, mostrava um paraíso,
Era Deus, sobre a forma do sorriso,
Desenhado na face da criança,
Onde a vida retrata uma aliança,
De verdade, beleza e amor preciso.

Caminhei sobre as plumas sorridentes
Da criança, mostrando alegria,
Encontrei um frescor de fantasia,
Como as aves cantando bem contentes.
Vi no riso o vigor que há nas sementes
Verdejando a campina do sertão;
No sorriso encontrei uma afeição
Que tocou com ternura meus sentidos
Dando toques sutis e coloridos
Enfeitando de amor meu coração.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O soneto abaixo foi feito em parceira com a grande poetisa Rachel Rabelo


               Desprendimento


Como vim para o mundo ser ter nada!
Também não levo nada após a vida;
Trouxe apenas minh’alma enternecida,
Deixo aqui, algum verso em revoada! *

Não me vale a nobreza inventada!
Vim pra terra descalça e bem despida;
Nenhum bem vou levar na minha ida,
Fica a arte na voz, por mim cantada. **

Deixo o amor, a justiça e a bondade!
Levo apenas os lírios da vaidade,
De alguns versos falando da criança. *

Ficarão os meus atos de humildade!
Vão comigo os fulgores da verdade,
Construídos com luzes da aliança. **

                                   Gilmar Leite *
                                 Rachel Rabelo**

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Estive com  amigos e amigas fazendo trilhas pelo brejo paraibano, mas precisamente, no município de Serraria. Foi um dia inesquecível pelo aconchego das pessoas amigas e pelo lugar encantador. Localizado na Borborema Paraibana, o local percorrido é de uma beleza fantástica. Passamos por riachos, trilhas apertadas, grutas misteriosas (conta-se que uma delas foi habitada por índios) e escalamos uma serra íngreme, que precisou de muito esforço físico e cuidado. Mas, a chegada ao topo, onde estou na foto, valeu todo sacrificio, porque a sensação foi esplendorosa. Passando por uma experência sensível tão maravilhosa, não poderia a poesia ficar ausente, sem o registro. Logo abaixo está o poema em decassílabo inspirado no passeio ao brejo paraibano. Logo abaixo tem mais fotos.

             Abraço da Natura

Abracei com ternura a natureza
Ofertando o meu corpo delicado
Vi a vida mostrando o seu reinado
Através da divina singeleza.
Cada flor me beijava com leveza
Exalando em meu corpo sua essência
Era Deus revelando a providência
Sobre a forma serena da natura
Onde cada encantada criatura
Revelava pra mim sua existência.

Um riacho de águas cristalinas
Dava beijo nas plantas dos meus pés
Escutei lindos cantos menestréis
Dumas aves se amando nas campinas.
Doces brisas com leves mãos divinas
Davam toques na flor dos meus sentidos;
Lindos quadros de tons bem coloridos
Revelavam cenários de mil cores,
Espargindo divinos esplendores
Entre os galhos dos bosques escondidos.

Velhas árvores dos tempos seculares
Imponentes mostravam elegância,
A floresta exalava uma fragrância
Espalhando por todos os lugares.
Vi nas grutas presença de alguns lares
Das raposas e de outros animais;
Cogumelos de cores magistrais...
Finos galhos de corpos contorcidos,
Abraçando alguns trocos retorcidos,
Como amantes em noites invernais.

Sobre o topo da serra magistral
Vi os campos na linha do horizonte,
E uma brisa beijava a minha fronte
Com carícias dum toque angelical.
A grandeza do Deus fenomenal
Me alargava o alcance da visão;
Entreguei os sentidos à amplidão
Recebendo os segredos da natura
E sentindo uma essência rara e pura
Afagando o meu doce coração.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010



                  Frente ao Mar


Como o Deus do Olímpio imponente
Vejo o mar no trono da grandeza,
Com mil ondas de força e de beleza
Que se mostra gigante a minha frente.

O seu brilho de azul bem transparente
Como lindos cristais de cor turquesa,
Deixa um feixe de luz na natureza
Entre os beijos da brisa reluzente.

Sobre as águas reflete o sol brilhante!
Um peixinho mergulha triunfante
Sobre as ondas, fazendo seu revés.

Lindas rendas de dúlcidas espumas
São tapetes suaves como plumas
Que se estendem na planta dos meus pés.

domingo, 1 de agosto de 2010

Sempre esteve guardado no cofre da minha memória a imagem de Betinho (José Humberto) meu irmão, que tão cedo (30 anos) nos deixou (acidente de carro), abrindo nos corações dos que gostavam dele uma enorme fenda de saudade. Amante do Direito (era Promotor de Justiça em Caicó, RN) e da música, fez do pouco tempo de existência uma jornada de afetos e de boa convivência com as pessoas que o conhecia. Era um boêmio que sempre levava o violão a tiracó-lo, de uma voz grave, suave e bonita. Apaixonado pela música de Roberto Carlos e Zé Ramalho, entre outras, Betinho gostava de fazer serenatas nas noites de lua em São José do Egito para as  musas da época. Como meu pai faleceu muito cedo e dexou muito filhos jovens em casa, Betinho foi arrimo de família e tinha nos estudos a grande paixão. O soneto abaixo foi feito num dos momentos de saudade ao ouvir "O Divã"  de Roberto Carlos e me lembrar tanto dele.

          Saudade Fraterna
                                  
                                                Ao saudoso irmão Betinho

Hoje o peito transborda de saudade
De Betinho, nas noites de serestas,
Enfeitando o luar com belas festas
Dando acordes sutis, pela cidade.


O instrumento ficou na orfandade
Lamentando o adeus que lhe infesta,
Dum alguém que forma bem modesta,
Fez seus tons eclodirem de verdade.

Quantas vezes os sons do violão
Entoados com plácida canção
Fez nas almas singelos acalantos.

Os acordes que no meu peito invade
São momentos tristonhos de saudade,
De Betinho vertendo belos cantos.