Pesquisar Este Blog

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O poeta Gilmar Leite declamando o soneto Quando Canto

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O poeta Gilmar Leite declamando o soneto O ocaso

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O poeta Gilmar Leite declamando o soneto Bosque dos Afetos

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O Poeta Gilmar Leite Declamando o Poema Épico Os Retirantes do Pajeú

domingo, 13 de setembro de 2015

                                                              Foto de Gilmar Leite


          A Presença da Flor

A ternura da flor desperta encantos
Seduzindo a visão com singeleza
Onde a vida revela a natureza
Despertando o sensível com seus cantos.

Mesmo quando sofremos tristes prantos
A presença da flor mostra leveza
Onde o sol do viver vence a dureza
Clareando os escuros e recantos.

Os carinhos da flor pra nosso olhar
Deixa a vida liberta para amar
Florescendo o sentir do ser humano.

Quem percebe a presença de uma flor
Tem na vida um momento de fulgor
E no peito o sensível soberano.

                                         Gilmar Leite








                 O SONHO

                  (Roberto Soares para Águas do Pajeú)

Não pare de sonhar!
Sonhe ao menos que está sonhando,
pois no sonho podemos acreditar.
Sonhe que não vai acordar,
que o sonho vai lhe acudir,
para não descrer no sonho,
e conseguir sonhar, sonhando,
todos os verdadeiros sonhos,
que transformam a vida em sonho,
e nos deixam sonhar.
Fazem-nos sonhar acordado,
os sonhos que não nos deixam calar.
Crendo sempre no sonho,
de que sonhar é um sonho,
podemos viver sempre sonhando,
porque acreditar não é um sonho,
daqueles que gostam de sonhar.
Nesse deslumbrado sonho,
sonhe que confia no sonho,
já que é tão bom sonhar.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

                                                                  Foto de Gilmar Leite



            Galopes à Beira do Mar

 Cheguei do sertão pra morar na cidade
Trazendo na mala os costumes da terra
O vale, a campina, a grandeza da serra,
Os sonhos brotados na flor da idade.
Andei pelas ruas buscando a verdade
Dos sonhos do povo que habita o lugar
Vi gente correndo sem nunca parar
Vivendo o pavor da cidade moderna
Saí correndo com horror da baderna
Fui dar os meus passos na beira do mar.

Pisando nas lindas areias branquinhas
Senti leves cócegas sob os meus pés
Carícias das ondas fazendo revés
Trazendo mil beijos das águas marinhas.
Fiquei encantado com as brisas mansinhas
Beijando o meu corpo, fazendo escutar,
Cantigas das ondas, iguais um ninar.
Chegando à praia, mostrando os encantos,
Pensei minha mãe entoando acalantos
Cantando comigo na beira do mar.

Coqueiros gigantes, iguais a guerreiros,
Fincados no chão, balançando as palhas,
Morenos artistas fazendo mil talhas
Cruzando com traços os belos letreiros.
Fiquei encantado olhando os barqueiros
Num simples trabalho mostrar o lugar
Olhei pras cabanas no meu contemplar
Vi lindas crianças nas formas singelas
Brincando nos barcos, mexendo nas velas,
Fazendo castelos na beira do mar.

Dei beijos nas conchas do mar cristalino
Pensei o profundo das águas latentes
Ouvi as sereias nos cantos dolentes
Perdidas nas ondas, chorando o destino.
Vi brilhos fulgentes do meigo menino
Catando conchinhas por todo lugar
As ondas surgiam num lindo bailar
Deixando as espumas nas alvas areias
Banhando de branco fidalgas sereias
Andando e cantando na beira do mar.

Na beira do mar vi ostrinhas pequenas
Sutis borboletas com asas de sedas
Beijar o veludo das ondas mais quedas
Trocando caricias nas águas serenas.
O mar demonstrava mil cores amenas
Pintando o horizonte com tons de encantar
O nauta veloz, como um deus do lugar,
Saltava no barco, partia ligeiro,
Sentado no banco do velho veleiro
Deixava os amores na beira do mar.

Crustáceos pequenos saltavam felizes
Em bandos brincavam na beira da praia
Espumas bordadas da cor de cambraia
Mostravam do mar diversos matizes
As ondas surgiam em leves deslizes
Tocando nos corpos, com doce beijar,
Pequenas gaivotas no céu a voar
Num lindo balé enfeitavam o espaço
Pintando de branco, fazendo seu traço,
Deixando mais plácida a beira do mar.

Sentado na praia, olhando o oceano,
Vi ondas velozes beijando as areias;
Nas casas singelas, pequenas candeias,
Mostrando com graça o brilho arcano.
Nas águas eu vi um poder soberano
De cores e luzes, o mundo pintar.
Fiquei encantado com seu desenhar
Ergui a cabeça, pensei do meu jeito,
Que quadro tão belo, que mundo perfeito,
Mostrando aquarelas da beira do mar.

Vi peixes pequenos pulando velozes
Nas cristas das ondas fazendo gracejos
O brilho do sol refletia lampejos
Tocando nas asas de mil albatrozes.
Nas águas chegavam às vagas ferozes
Batendo nas rochas, fazendo estrondar,
A praia mostrava o seu branquejar
Tapetes de espumas beijavam as areias
Deixando seu palco pra lindas sereias
Mostrarem encantos na beira do mar.

O sol se deitava no corpo da praia
Dourando as espumas de cor amarela
O vento dizia que a forte procela
Surgia feroz quando a lua desmaia.
Meninos correndo com medo da arraia,
A tarde morrendo, deixando o lugar,
Ergui a cabeça vi Vênus brilhar,
Jogando reflexos nas águas revoltas
Estrelas pequenas brincavam bem soltas
Jogando lampejos na beira do mar.
 
O mar revoltoso por causa da noite,
Batia com fúria nos grandes rochedos,
Deixando minh’alma tremendo de medos
Por causa do forte e infindável açoite.
A lua surgia no céu pra o pernoite
Abrindo o seu riso num doce pulsar...
Barqueiros poetas na luz do luar
Cantavam serestas pra suas donzelas
Na praia chegavam as fortes procelas
Batendo nas rochas da beira do mar.

O mar orgulhoso olhava pra mim,
Dizia que tinha imensos mistérios,
No fundo guardava diversos impérios,
Os quais nenhum homem sabia seu fim.
Contou-me que tinha no oculto um jardim
De plantas estranhas que podem matar,
Florestas imensas cobrindo o lugar,
Cavernas ocultas, lugares profundos,
Crustáceos e peixes de excêntricos mundos,
Latentes brincando no fundo do mar.

O dia surgiu, eu fiquei contemplando,
Segredos imensos que tem o oceano;
Sabemos tão pouco, perdemos o plano,
Em cada mergulho que a gente for dando.
Senti no meu peito minha alma agitando,
Eternas correntes que tem meu cantar;
Dei passos nas águas num brando tocar,
Levando nos ombros a minha sacola,
Fazendo improvisos ao som da viola
Cantando um galope na beira do mar.

                                                Gilmar Leite