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sábado, 30 de abril de 2011



            Poéticos Momentos


Entre os ramos floridos do jasmim
Sinto o corpo abraçado na natura;
Cada verso demonstra arquitetura
Da paisagem que brota sobre mim.

Colibris parecendo um querubim
São poemas da máxima ternura,
Que dão beijos com plácida doçura
Onde os tons dos sentidos não têm fim.

Um delírio nas flores do meu peito
Deixa o corpo num estado rarefeito
Na colina do verso em transcendência.

As abelhas dos cantos, no vergel,
Jogam pingos cristais do doce mel
Sobre as pétalas da minha existência.



         Segredos Revelados

 Como os toques das asas delicadas
Das douradas pequenas borboletas
Que sutis se chocam nas violetas
Dando beijos nas sedas perfumadas.

Os meus versos sãos gotas orvalhadas
Que me beijam em leves piruetas
Escorrendo das plácidas gavetas
No latente das grutas encantadas.

Segredado os meus versos são visíveis
Revelando as imagens impossíveis
Pelo mundo real dos meus sentidos.

Como existe um pomar numa semente,
Um poema habita o Eu latente,
Que floresce com tons bem coloridos.

 O soneto abaixo é para Betinho (José Humberto) meu irmão, que nos deixou na flor da idade (30 anos), vítima de um acidente automobilístico, na época em que exercia o cargo de promotor de justiça em Caicó, Rn, no ano de 1985.

              Saudade Fraterna

Hoje o peito transborda de saudade
De Betinho, nas noites de serestas,
Enfeitando o luar com belas festas
Dando acordes sutis, pela cidade.

O instrumento ficou na orfandade
Lamentando o adeus que lhe infesta,
De alguém que de forma bem modesta,
Fez seus tons eclodirem de verdade.

Quantas vezes o som do violão
Entoado com plácida canção
Fez nas almas singelos acalantos.

Os acordes que no meu peito invade
São momentos tristonhos de saudade,
De Betinho vertendo belos cantos.


       Socorro Rabelo
 
     Uma Flor de Atitudes

                                                     À Socorro Rabelo

Sem discurso, sem julgo de valores,
Mas florida de lindas atitudes;
Tu alcanças gigantes altitudes
Como fazem impávidos condores.

Sob o peito um roçado de amores
Sem espinhos de ações que são rudes;
Teus carinhos alcançam plenitudes
Ofertando um jardim de lindas flores.

Os teus gestos vivem sempre a socorrer
Ajudando aos que estão a padecer
Dando sempre um sorriso, uma mão.

És Socorro nos campos da bondade!
Uma flor exalando a humildade
Dum jardim que é chamado coração.

Poeta Zé Delfino

         Poeta Tresloucado

Zé Delfino, poeta tresloucado,
A navalha dos versos mais mordazes,
Incapaz de fazer lânguidas pazes
Com medíocres, só pra ser coroado.

O seu ar de quem estar sempre espantado
São poemas ferozes e vorazes,
Muitas vezes no peito ocultado
Esperando voar, como alcatrazes.

Sua voz sempre na máxima altura!
A expressão da inquietante criatura
Que não para na vida um só segundo.

Tresloucado poeta Zé Delfino,
Homem bom, espírito de menino,
Um Ser necessário para esse mundo.

domingo, 3 de abril de 2011

Manuel Filó
Fidalgo Poeta do Pajeú

Manuel Filó: Um poeta “Demasiadamente Humano”


Gilmar Leite


Refletir sobre a poesia é mergulhar no universo da condição humana. Falar do poeta Manuel Filó é aprofundar a poesia num mundo “demasiadamente humano”. Há poetas que fazem poesia. Existem poetas que são a própria essência da poesia. Manuel Filó foi um desses! O bardo filho do “Pajeú das Flores” se vestiu com a nobreza da poesia, e fez dela, a elegância ética de um cidadão cortês, sempre com os braços estendidos e abertos, ofertando o afago da amizade e do respeito para os que se aproximavam dele. Atento as demais as pessoas em seu entorno, o vate Manuel Filó, sempre foi cuidadoso e generoso para com outros poetas, dos mais famosos aos menos conhecidos, vendo-os e tratando-os com o mesmo carinho e respeito. Do mesmo jeito, ele estendia sua cordialidade para as demais pessoas que se aproximavam dele, mesmo que não fosse por motivos poéticos. A poesia suave, elegante e clássica de aedo Manuel Filó é a extensão do seu caráter, onde se confundem dois seres, a poesia e o poeta, vistos e entrelaçados numa condição única, a condição humana.


Tristeza na terra, alegria no céu!

Correm lágrimas sobre o rio da fantasia!
O seu leito perdeu um córrego de encantos;
As poéticas águas se afogam em prantos,
Pela perda de um bardo que viveu poesia.

Sobre o límpido éden, transborda alegria,
Lourival, Cancão, Job, coroados de santos,
Receberam Filó com plumas de acalantos,
Confortando sua alma, com uma cantoria.

Na braúna gigante dos versos campestres,
Improvisam chorando os poetas silvestres,
Derramando saudades nos frondosos galhos.

Sobre o trono celeste do Deus soberano,
Cantam versos, Marinho com Rogaciano,
Devolvendo Filó em gotas de orvalhos.