A procela voraz da inspiração
Faz mover-se na minh’alma poeta,
Tempestades com ondas inquietas
Sobre o azul do profundo coração.
Treme o mastro gigante da emoção
Nos abrolhos do peito enlouquecido.
Lindos peixes do verso colorido
Dão mergulhos nas águas do sentir,
Pra depois numa estrofe ressurgir
Um poema que vivia escondido.
Lindas ostras do coração poético
Sutilmente me tocam no profundo;
Vejo imagens surgirem num segundo
Desenhando meu espírito estético.
Uma verve sutil do corpo atlético
Faz mover sentimentos abissais
Alguns versos são cores dos corais,
Entre as águas revoltas da poesia
Despertando meu mundo de magia
Transparentes iguais alguns cristais.
Arrecifes mordazes do sensível
São os portos do coração aedo;
Entre as águas do verso meu segredo
Faz minha alma ficar mais acessível.
O meu estro se torna bem visível
Na bandeira feliz do sentimento,
Um poema demonstra o monumento
De verdade, ternura e sutileza,
Aumentando a viagem da beleza
No veleiro sutil do Nascimento.
As imagens nas águas do oceano
São sereias do peito desvendado,
Que mergulham no verso delicado
Entre as cristas do coração humano.
O veleiro não sente o desengano
Nas procelas da verve enlouquecida
A minha alma reserva uma guarida
Na viagem revolta dos sentidos
Onde vivo meus sonhos esquecidos
Sobre os mares poéticos da vida.