Pesquisar Este Blog

domingo, 21 de agosto de 2011



        Fantasmas da Sequidão

Grandes tochas de fogo no nascente
Mostram brasas queimando sobre a terra
Num calor infernal que nunca encerra
Pela força do raio incandescente
Um tenor sabiá de voz dolente
Solta um canto do fundo coração
A paisagem que surge no verão
Amedronta com mórbidos facheiros
Entre cactos, juremas, marmeleiros,
Arde o sol pra queimar todo o sertão

Sobre o corpo terra uma ferida
Mostra um velho açude calcinado
Uns garranchos pendidos no roçado
São resquícios de que já houve vida.
Cada bicho procura uma guarida
Assustado, temendo a sequidão,
O fantasma da seca racha o chão
Que resseca até mesmos os umbuzeiros
Entre cactos, juremas, marmeleiros,
Arde o sol pra queimar todo o sertão

Uma velha braúna se declina
Estendendo seus galhos ressequidos
Na caatinga se escuta mil gemidos
Nos agouros das aves de rapina
Um cansado cavalo meche a crina
E caminha buscando uma direção
Velhas aves entoam uma canção
Como o canto dos loucos prisioneiros
Entre cactos, juremas, marmeleiros,
Arde o sol pra queimar todo o sertão

As juremas se parecem retirantes
Alguns cactos fantasma da miséria
Marmeleiros padecem na matéria
São imagens de cenas horripilantes.
Seca a face dos poucos habitantes
Morre o sonho sentindo a sequidão
Cada planta emurchece sobre o cão
Como imagens de lânguidos guerreiros
Entre cactos, juremas, marmeleiros,
Arde o sol pra queimar todo o sertão.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011




           Homenagem II

Foi bonito o poema que mandaste
Descrevendo as belezas do sertão
Cada verso que aqui cadenciaste
Imitou o bater do coração
Como fosse a cantiga de um Cancão
Entoaste detalhes de beleza
Som de métrica nobre e singeleza
Aflorando com tal simplicidade
Que grandeza! Que versos! Que verdade!
Que detalhes sutis! Que natureza!


                  Greg Passos e Lamartine Passos
                   Poetas e compositores


quarta-feira, 10 de agosto de 2011


           Homenagem

            Poeta/Músico Humberto Dantas (Bembém)
          Cruzeta, sertão seridó do Rio Grande do Norte

Gilmar Leite, o mundo que recrias,
Na libido da sua consciência
É um sertão  em reminiscências
Que saltita nas suas poesias,
São imagens de tênues melodias
Que remontam profundos sentimentos
Envolvendo os nossos pensamentos
Da mais pura e viva comoção
Avivando novamente o coração
Renovado em seus padecimentos.

Os jardins que foram no passado
Tatuados no seu peito sertanejo
É a força motriz desse lampejo
Que nos leva de volta ao encantado
Tenros tempos por ti remanejados
Pergaminhos sintáticos na memória
E assim o sertão emerge em glória
Envivece, realça, entona o brilho
Num sussurro do pai pedindo ao filho
Não se vá, fique, conte a nossa história.

          Agradecimentos

Agradeço ao poeta Humberto Dantas
Pela grande homenagem a mim prestada
A minha alma ficou emocionada
Igualmente o sertão quando decantas.
As belezas dos teus versos são tantas
Que embriagam até a lucidez
Tu és um vate de nobre solidez
Professor de instrumento musical
Tocador de maneira magistral
Um poeta e um músico de uma só vez.

                                              Gilmar Leite

       Afagos Matutinos

No jardim encantado do sertão
Onde a vida se mostra bem singela,
A natura desenha uma linda tela
Que penetra no fundo coração.
Eu mergulho na plácida visão
Percebendo no campo mil fulgores;
Meu olfato desmancha-se em olores
Que me toca de formas tão divinas,
Sinto o afago das brisas matutinas
Entre os bicos dos belos beija-flores.

Sobre a lâmina calma dos riachos
Borboletas se banham levemente;
Uma planta desperta da semente
Pra mostrar a grandeza dos seus cachos.
As abelhas trabalham sobre os tachos
Fabricando os mais plácidos sabores;
Sabiás numa orquestra de tenores
São cantores nos altos das colinas;
Sinto o afago das brisas matutinas
Entre os bicos dos belos beija-flores.

Um concriz de fulgor preto amarelo
Bem cedinho desperta a natureza,
Com seu canto coberto de leveza
Onde a vida se mostra como um elo.
No telhado um pequeno Ser singelo
Solta um canto buscando os amores;
Os orvalhos enfeitam os verdores
Escorrendo em gotículas pequeninas;
Sinto o afago das brisas matutinas
Entre os bicos dos belos beija-flores.

Colibris buscam flores virginais
Onde o néctar tem gosto de pureza;
Uma flor abre as pétalas com destreza
Ofertando os perfumes magistrais.
Os canários em tons bem naturais
Sobre os galhos se mostram cantadores;
A caatinga se veste de esplendores
Ofertando os seus beijos às campinas;
Sinto o afago das brisas matutinas.
Entre os bico dos belos beija-flres.

sábado, 6 de agosto de 2011




         Flores da Humildade

Vai achar os perfumes mais sutis
Quem plantar a flor da simplicidade
Tendo os beijos da sensibilidade
Dos afetos que tem os colibris
As essências do atos mais gentis
Vão tocar os sentidos no vergel
E a virtude voando sob o céu
Vai descer às campinas da verdade
Entre as flores serenas da humildade
As abelhas do bem descobrem o mel.

Borboletas de cores variadas
São presenças no coração singelo
A bondade do simples forma um elo
Abraçando as belezas delicadas.
Os orvalhos de ações humanizadas
Pingarão acabando qualquer fel
Todo o amor abrirá o lindo véu
Pra mostrar seus campos de bondade
Entre as flores serenas da humildade
As abelhas do bem descobrem o mel.

Alguns pingos de gotas cristalinas
Sempre escorrem do peito mais sincero
O concriz da verdade canta um bolero
Sobre os galhos das almas campesinas
Os fulgores do bem entre as colinas
Aparecem num plácido tropel
Surge a vida montada num corcel
Demonstrando o sol da simplicidade
Entre as flores serenas da humildade
As abelhas do bem descobrem o mel.