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domingo, 8 de junho de 2014




                Olhar Interior

Ao olhar para dentro de meu peito
Vejo as flores mais lindas do sertão
A cantiga saudosa de um carão
O vaqueiro aboiando satisfeito
A imagem do roçado em tom perfeito
Os orvalhos no cálice de uma flor
A viola de um mestre cantador
Turbilhões de poemas saltitando
A sanfona Gonzaga ritmando
O meu sonho sertão encantador.

Quando eu olho meu peito sertanejo
Vejo “santas” rezando em procissão
A beleza possante de um alazão
Um sibito cantando num solfejo
O clarão do relâmpago em lampejo
As rosinhas florindo dos botões
A cantiga das águas nos grotões
O sorriso do velho fazendeiro
A rolinha cantando no terreiro
Transbordando meu peito de emoções.

Ao olhar para dentro do meu Ser
Vejo os vales da terra sertaneja
Cantadores travando uma peleja
O vermelho do sol a padecer
A manhã colorida alvorecer
As sutis borboletas multicores
O balé dos pequenos beija-flores
Uma estrada deserta sem ter fim
A brancura elegante do jasmim
Perfumando minh’alma com olores.

Quando eu olho no campo coração
Vejo as cores do homem camponês
O berrante estridente de uma rês
O namoro enxerido do azulão
Uma velha pisando no pilão
O campônio cuidando da boiada
As mandingas de toda meninada
Na parede a roupagem do vaqueiro
O pequeno clarão do candeeiro
Fulgurando minha alma encantada.


                                 Gilmar Leite