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sábado, 9 de maio de 2009

ÁGUAS DO PAJEÚ

Como sangue que borbulha pulsante
Das artérias que saem dum coração;
Cada estrofe tremula em borbotão
Do fugaz Pajeú, sempre vibrante.
Sua fonte transborda a alma brilhante
Sobre o leito que corre sentimento,
Onde as artes são veios do alento
Transbordando de sonho e fantasia,
Inundando as ribeiras de poesia
Onde a verve demonstra o “Nascimento”.

A viola que serve de instrumento
Solta o som da pequena correnteza,
Pra banhar os sentidos de beleza
Com afetos suaves como o vento.
Na vertente cristal do pensamento
Cada córrego que flui nos rochedos,
Leva versos cobertos de segredos,
Para um vale de lírica existência,
Onde está a sensível consciência
Pra florir o viver com cantos ledos.

Sobre as margens, antigos arvoredos,
Têm nos galhos as flores do improviso,
Onde o canto demonstra um paraíso
Na paisagem sutil dos versos quedos.
O repente que desce nos lajedos
Vem da fonte veloz da inspiração,
Cada flor tem um verso de “Cancão”,
Nas barrancas há troncos dos “Batistas”,
Cada som tem a voz dos repentistas,
Numa enchente do verso e da canção.

Nos seus córregos se ouve a entonação
Dos cantores cantando em serenatas,
Transbordando o lirismo em cascatas
Através dum sonoro violão.
O veloz Pajeú da inspiração
Quando desce conduz os mil poemas,
Enfeitando com dúlcidos emblemas
As distintas paisagens dos sertões,
Atingindo os sensíveis corações
Na enchente fugaz dos belos temas

Sobre as margens se escutam nas juremas
Alguns versos passando em ventanias,
Tendo o eco de antigas cantorias,
Onde o campo e a vida são os lemas.
Nos regatos se encontram os poemas
Flutuando nas águas do repente;
Quem passar na ribeira ainda sente
Os fantasmas poetas do passado,
Que fizeram do canto improvisado
Uma fonte que não seca a vertente.

Os remansos que surgem da enchente
Trazem versos do vate “Bio Crisanto”;
Um poeta atingido pelo pranto
Com espinhos no corpo e flor na mente.
Quando as águas tremulam na corrente
São poemas do audaz de Rogaciano,
Que cantou contra o mundo desumano
Na defesa dos pobres e oprimidos,
Que nas margens soltavam os gemidos
“Flagelados” no mar do desengano.

Sobre o leito transcorre o verso ufano
Dum poeta que ainda é menino,
Através dum poema cristalino
Mais profundo e maior que o oceano.
Cada enchente que chega todo ano
Vem da fonte dum vate delirante,
Cuja idade mudou todo semblante
Mas a mente revela seus primores
Onde os versos transbordam esplendores
Enfeitando a esperança verdejante.

Sobre as ondas o verso triunfante
Representa o poeta Antonio Marinho
Seu repente foi quem abriu caminho
Numa enchente do verso fulgurante.
Cada veio que desce a todo instante
Traz as águas dum vate mais recente
Aumentando o volume da corrente,
Onde as mil borboletas da poesia
Tomam banhos nas águas da magia
Refrescando um sentido aurifulgente.

Cada córrego de água transparente
Mostra o fundo da nobre inspiração,
Parecendo que o rio tem coração
Onde o verso é seu sangue fluente.
Cada vate aumenta sua enchente
Quando verte do peito inspirado,
Uma fonte do canto improvisado,
Demonstrando o poder da criação
Através dum rio que tem coração
Em que o verso é seu córrego encantado.

Num rochedo se encontra enganchado
Os delírios de Job, “Rei do lirismo”,
Que cantou no repente o romantismo
Sobre as águas dum peito apaixonado.
Pajeú é um rio onde o reinado
Foi erguido através da poesia;
No seu reino governa a fantasia,
No seu trono quem senta é o sentimento,
Sobre as águas navegam como o vento
As canções dos poetas todo o dia.

É comum encontrar a melodia
Da canção dos poetas cantadores,
Ou painéis de fantásticos pintores
Sabre as águas descendo em harmonia.
Os orvalhos da aurora que irradia
Têm nos pingos gotículas de versos,
Que se somam aos poemas submersos
Aumentando a corrente dos encantos,
Que transborda de versos e de cantos
Enfeitando os mil córregos dispersos.

Sobre as águas fluem vates diversos,
As paisagens têm telas dos pintores,
Na corrente tem vozes dos cantores,
Do profundo sobem sábios imersos.
Nas cascatas brilham cantos emersos,
Estrondando nas rochas dum grotão,
Revelando o lirismo do sertão,
Através dos encantos da poesia
Para um lago de lenda e fantasia,
Que transcende do fundo um coração.

Eu só peço pra nova geração
Para não poluir as águas puras,
Através das efêmeras culturas
Com dejetos da massificação.
O voraz monstro da alienação
É a mancha do rio que é divino,
Não respeita o poeta genuíno
Muito menos o brilho da história,
Onde o vate despeja da memória
A corrente do verso cristalino

2 comentários:

  1. Poeta, passeando por esse mais recente espaço de divulgação dos seus trabalhos, minhalma se emociona na grandeza da sertaneidade que grita sua poesia...Os olhos marejados dágua veem a "LIBERTAÇÃO" do ser poeta...Meu corpo em "ÊXTASE" tremula a cada passagem descrita...E, sinto,o "NASCIMENTO" de escritos "paridos" pela sensibilidade que possui!
    O espaço está muito bonito, clássico, característico.
    Beijos iluminados!

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  2. Como sempre, Gilmar, tudo que vem de você é maravilhoso.
    Parabéns!
    Beijos.

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Obrigado pelo comentário