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quarta-feira, 28 de outubro de 2009


Eu tive a feliz oportunidade de conviver com o saudoso poeta Zé Marcolino. O cantador caririense teve seu mundo de maior existência entre o Pajeú pernambucano e o Cariri paraibano, sempre levando o canto e a poesia ao povo de ambas as regiões. Fidalgo, Educado, Amigo, Atencioso e comprometido com o Sertão Nordestino, Marcolino foi o estandarte da música de duas regiões onde verteram os mais famosos cantodores de viola do Nordeste. De voz grave e feições de caboclo sério, Marcolino era a suavidade de um alma bondosa e de uma alegria de menino, sempre presente na sua forma de poeta da terra. Não fez uso "profissional" como cantor, tendo apenas gravado um cd (capa acima) produzido e arranjado pelo "Quinteto Violado". O vate/cantador paraibano alimentou a carreira musical de Luiz Gonzaga com grande clássicos que hoje estão imortalizados no cancioneiro popular, como: Sala de Rebôco, Cacimba Nova, Serrote Agudo, A dança de Nicodemos, Coboclo Nordestino e tantos e tantos outros clássicos identificados na voz do "Rei do Baião" e de demais cantores, cantoras, intérpretes e cantadores do Nordeste e outras regiões do Brasil. Seu instrumento musical era uma caixa de fósforo, tanto para se acompanhar como para compor. O que mais impressionava era o autoditata Marcolino, componto baiões, xotes, rasta-pés, samba de latada, forrós e lindas canções, as quais louvavam desde uma "Pedra de Amolar" até uma professora através da linda metáfora "Rolinha Branca". Escutar Marcolino na sua voz grave, de barítono, ou na grande voz do velho Lula Gonzaga e demais cantores e cantoras nordestinas, nos remete ao Sertão na sua mais pura forma de ser. Nas melodias de Marcolino encontra-se o Sertão alegre nas chuvadas invernosas; na poesia do mestre caririense vê-se uma grande fazenda que outrora foi palco e reino de grandes festas de vaqueijadas; no lirismo de Marcolino percebe-se a figura humana na delicadeza de uma "Rolinha Branca", andando e catando pedrinhas pelo chão; no canto lunar do poeta paraibano, vê-se o "Ciúme da Lua" que o poeta sentiu quando os astronautas pisaram no corpo de bela senhora lunar, senhora esta, inspiração e musa de todos os poetas do mundo; enfim, Marcolino nos deixou um legado de canto e poesia que ecoa pelos quatros cantos do Brasil. Hoje, encontra-se no solo paraibano e pernambucano a comunicação de vários sertanejos que tratam uns aos outros de Poeta. Isso, foi criado pelo nosso saudoso Zé Marcolino. O poema abaixo, de minha autoria, foi adaptado e musicado pelo compositor potiguar Galvão Filho, sobre a forma de uma belo Xote. No ano de 2008 o cantador Santana o gravou no seu cd "Forró - a arte do abraço".
Gilmar Leite



SAUDADE DE MARCOLINO



Marcolino, poeta cantador,
A “Cacimba” secou de tanto pranto
O “Carão” não escuta o teu canto
“Sabiá” padeceu de tanta dor.
O “Ciúme da Lua” se acabou
Hoje vives morando perto dela
Desenhando teu canto numa tela
Seduzindo-a com tua serenata
Despertando seu riso cor de prata
Num desenho de linda aquarela.

O “Serrote Agudo” está tristonho
O “Fura-Barreira já não tem mais casa
“Maribondo” já bateu a sua asa
O “Sertão de Aço” perdeu seu sonho.
Só os vates de cima estão risonhos
O teu canto é a “Saudade Imprudente”
Que machuca o sertão que há na gente
Como o pranto na “Mágoa de um Vaqueiro”
Que tristonho, num banco do terreiro,
Faz aboios saudosos e dolente.

Oh! Poeta “Caboclo Nordestino”
As caboclas “cintura de abelha”
Soltam prantos em forma de centelha
Com saudades do canto campesino.
A “cantiga do vem-vem” pequenino
Sobre os galhos da “Flor do Cumaru”
Faz sentir Cariri e o Pajeú
A saudade das noites de São João
Ou as tardes tristonhas do sertão
Entre os cantos dolentes do nambu.

Hoje já não se faz a mesma dança
“Nicodemos” partiu pra outros cantos
Não se encontram mais os mesmos recantos
Duma “Sala de Reboco” com pujança.
A saudade dos “Tempos de Criança”
A “Rolinha” com passos delicados
Um poeta com sonhos encantados
Numa “Estrada” pisando no destino
Pra partir nos deixando um lindo hino
Através dos seus cantos coroados.

4 comentários:

  1. Poeta, sua palavra consegue alcançar o mais alto dos entendimentos de ser um ser...Consegue engrandecer mais ainda o que já é grande...Faz completude e acréscimo de condições e realizações!
    Seu texto em homenagem ao saudoso poeta Zé Marcolino traduz a grandeza dele em vida...E, enaltecem e engradecem a sua forma em memória!
    Lindo!
    Viva os poetas de almas brandas e cancioneiras.
    Beijos poéticos
    Rachel Rabelo

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  2. Obrigado poetisa/companheira Rachel Rabelo pelo lindo comentário vindo do fundo da sua alma sincerae gentil.
    Beijos no croação

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  3. Saudações Gilmar, sou radialista aqui no Rio de janeiro, tenho um programa na radio Roquete Pinto FM, com o nome de Nordeste Musical, de 4 as 6 da manhã, nosso proposito e divlgar a cultura nordestinos atraves de sua musica, de seus poetas, nossa programação é toda de forro pé de serra, gostaria de manterum contato com o amigo,e se possivel divulgar seu trabalho, um grande abraço.
    Braga Junior

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  4. meu email braga.jr@hotmail.com . pode mandar material para divulgação mais uma vez um grande abraço

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Obrigado pelo comentário