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terça-feira, 17 de novembro de 2009


Vi nas gotas de orvalhos cristalinos
Alguns prantos da flor que emurchece


De manhã caminhando na campina
Entre as flores silvestres do sertão,
Despertou no meu ser uma visão
Vendo o pranto caindo em ondina.
A tristeza da flor bem pequenina
Era a cena da vida que padece;
Parecia um alguém fazendo prece
Com temor dos castigos mais ferinos,
Vi nas gotas de orvalhos cristalinos
Alguns prantos da flor que emurchece.

Suas pétalas tristonhas, sem ter água,
Se desfez dos belíssimos fulgores,
Cada pingo dos olhos eram as cores,
Se apagando no pé da triste mágoa.
A tristeza voraz causava frágua
Como alguém que, maldoso, lhe dissesse:
Hoje a vida pra você arrefece,
Só lhe resta o mais triste dos destinos,
Vi nas gotas de orvalhos cristalinos
Alguns prantos da flor que emurchece.

Borboletas voavam pelos campos
Assustadas faziam vira-volta;
A tristeza da flor dava revolta
Até mesmo aos calmos pirilampos.
Ela só tinha a frente os escampos
Onde a vida perdura e esmorece,
No deserto da angústia que entristece
A beleza que tem seus toques finos;
Vi nas gotas de orvalhos cristalinos
Alguns prantos da flor que emurchece

Até mesmo um pequeno beija-flor
Que voava em busca de uma essência,
Fez um pouso com lírica cadência
Vendo a flor com tristeza, sentiu dor.
Procurou com seu bico dar amor
Lhe beijando e dizendo a vida cresce;
Não se curve, que a dor desaparece,
Tenha fé nos poderes mais divinos,
Vi nas gotas de orvalhos cristalinos
Alguns prantos da flor que emurchece.

4 comentários:

  1. Cheroso, nesse derrame de sensibilidade, beleza, leveza e sutileza, reporto-me a lugares repletos de magia e sedução. Lugares, nos quais a natureza tem esse dom de conversar com o ser humano de forma divina e íntima...E, sua "fala", nesse poema, especificamente, retrata tal verdade!
    Contudo, esse momento, sem conceitos, só acontece com os homens (digo de forma generalizada, mulheres, também) de coração puro, alma maneira, sentires libertos...É um presente ofertado pela obra divina, como forma de fazer tocar, florescer e se alastrar o perfume chamado vida!
    BELÍSSIMO POEMA...!LINDA IMAGEM...!
    Beijos poéticos
    Rachel Rabelo

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  2. Poetisa, seus comentários são doces como um pêsseco...tocam na minha alma, como o beijo de um colibrir numa orquídea...e me move como poeta, como uma paisagem nunca vista antes. Beijos e obrigado pelo carinho e gentileza

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  3. Grande Gilmar, muito belo seu poema: Vi nas gotas de orvalhos cristalinos Alguns prantos da flor que emurchece.

    O blog está muito bem elaborado. As fotos estão de uma qualidade imensurável.

    Parabéns pelo trabalho...

    Abração, Moal.

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  4. Gilmar,
    Conheço bem a realidade destes dois sertões.E como você descreve bem e poeticamente!
    Você é uma cacimba, boa, de palavras, quando mais tira mais sai.

    Parabéns pela sua capacidade, pelo vocabulário e obrigada por nos contemplar com suas pérolas.
    Um abraço,
    Dalinha

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