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domingo, 1 de agosto de 2010

Sempre esteve guardado no cofre da minha memória a imagem de Betinho (José Humberto) meu irmão, que tão cedo (30 anos) nos deixou (acidente de carro), abrindo nos corações dos que gostavam dele uma enorme fenda de saudade. Amante do Direito (era Promotor de Justiça em Caicó, RN) e da música, fez do pouco tempo de existência uma jornada de afetos e de boa convivência com as pessoas que o conhecia. Era um boêmio que sempre levava o violão a tiracó-lo, de uma voz grave, suave e bonita. Apaixonado pela música de Roberto Carlos e Zé Ramalho, entre outras, Betinho gostava de fazer serenatas nas noites de lua em São José do Egito para as  musas da época. Como meu pai faleceu muito cedo e dexou muito filhos jovens em casa, Betinho foi arrimo de família e tinha nos estudos a grande paixão. O soneto abaixo foi feito num dos momentos de saudade ao ouvir "O Divã"  de Roberto Carlos e me lembrar tanto dele.

          Saudade Fraterna
                                  
                                                Ao saudoso irmão Betinho

Hoje o peito transborda de saudade
De Betinho, nas noites de serestas,
Enfeitando o luar com belas festas
Dando acordes sutis, pela cidade.


O instrumento ficou na orfandade
Lamentando o adeus que lhe infesta,
Dum alguém que forma bem modesta,
Fez seus tons eclodirem de verdade.

Quantas vezes os sons do violão
Entoados com plácida canção
Fez nas almas singelos acalantos.

Os acordes que no meu peito invade
São momentos tristonhos de saudade,
De Betinho vertendo belos cantos.

2 comentários:

  1. Belíssima homenagem, Poeta! Não conheci Betinho pessoalmente, mas através das palavras e recordações dos familiares e amigos, sinto a energia e alma linda que era ele. Seu soneto, saudosista, repleto de luz, detalhes característicos deste irmão/pai, mostra o encantamento do ser humano que Betinho foi enquanto neste plano...! Deixo meu abraço fraterno e de conforto eterno.

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  2. Grande poeta, parabéns pelo belo soneto!
    Como sempre, você nos fascina com essa sua veia poética, e mesmo em momentos de saudades e possível angustia, você consegue nos passar sentimentos sinceros e de um amor incondicional de pai/irmão que nos enche de alegria e admiração.
    Abraços,
    Temilson Costa

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