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sexta-feira, 4 de março de 2016



                Menestrel do Sertão
                              
                                     À Elomar Figueira Mello

Cantador, menestrel, voz do sertão!
Os teus cantos têm bodes e ovelhas;
As estórias do povo são centelhas
Nos acordes que vêm do coração.
Os teus versos demonstram a louvação
À grandeza do Deus onipotente;
Cada canto revela a humilde gente
Que labuta na terra ressequida,
Na procura de ter o pão da vida
Revelado na força da semente.

As cantigas são quadros da memória
Que escutou desde o tempo de criança
Mesmo triste, revelam uma esperança,
Do sertão alcançando a sua glória.
Um cronista que faz do verso história,
Grande bardo da aldeia sertaneja;
Teu eterno cantar é uma peleja
Como herança dos vates do repente;
Cada verso revela a cor da gente,
Duma terra voraz que o sol dardeja.

A caatinga é o tema para o teu canto
Um lugar onde a vida é persistente,
Que convive na seca ou na enchente
Sem revolta, nem mesmo o desencanto.
No lirismo, o sertão é um acalanto,
Que repousa na rede dos afetos
Onde a vida é feliz nos simples tetos
No balanço dos éticos valores,
Que resiste, vencendo os dissabores,
Do modismo, com pérfidos projetos.

Cantador, teu verso tem as cores,
Da caatinga, da terra e do teu povo,
Toda vez que eu escuto me comovo
A minha alma repousa em belas flores.
O teu canto possui leves sabores
Encontrados nas frutas do sertão;
Os acordes que vêm do violão
São gemidos da terra desolada,
Ou cantigas do solo na invernada
Explodindo nos tons de uma canção.

                                          Gilmar Leite

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