Pesquisar Este Blog

domingo, 1 de maio de 2011



       Cavalgadas de Lembranças

Num cavalo galopei sobre a serra
Um jaguar deu esturros estridentes,
A serpente feroz mostrou seus dentes
Os punhais afiados para a guerra.
A caatinga no peito ainda desterra
As lembranças das grutas tenebrosas,
Os espinhos das plantas venenosas,
As floradas dos pés dos bugaris,
As cantigas das lindas juritis,
Alegrando as auroras invernosas.

Cavalgando veloz pelas campinas
O meu corpo sentia a brisa leve
Eu ficava maneiro como a neve
Dando beijos com dúlcidas neblinas.
No cavalo eu pegava em suas crinas
Agarrado, sentindo a pulsação,
O meu corpo tornava-se sertão
Embrenhado na mata bem fechada
Vez enquanto sentindo uma florada
Penetrando no fundo coração.

As passadas dos cascos do cavalo
Desenhavam o fundo dos caminhos
O meu corpo fugia dos espinhos
Numa dança dos cactos num embalo.
Eu ficava tão fino como um talo
Sobre o dorso do meu lindo alazão,
De chapéu, de perneira e de gibão,
Eu rompia as chapadas mais distantes
Enfrentando rochedos bem cortantes
Sem temer os perigos do grotão.

Eu livrei-me dos troncos das juremas
Dos espinhos em formas de anzóis
E senti das campinas os lençóis
Dos tapetes das gramas em poemas.
Envolvido naqueles mil emblemas
O meu corpo brotou a flor sensível;
Hoje tenho a lembrança inesquecível
No jardim florescente da memória
Que renasce do peito minha história
Onde torno meu mundo mais visível.

2 comentários:

  1. Um poema que nos envolve numa brisa mansa e nos aquece como o sol forte do sertão...Uma leitura que nos transporta para um mundo interno do ser poeta e da sua vivência na terra amada...O transcrever dos sentimentos saudosos de outrora!
    Beijos bucólicos

    ResponderExcluir
  2. Olá Gilmar,
    Falar do conteudo de seus versos e das mais diversas modalidades, da sonoridade, do encantamento transbordante de suas palavras é bater na mesma tecla. Você se supera a cada novo passo.
    Hoje queria resaltar também a beleza das imagens fazendo jus aos seus escritos.
    Parabéns amigo por esta linda caminhada poética.
    Um abraço,
    Dalinha

    ResponderExcluir

Obrigado pelo comentário